sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Sete

Para minha surpresa total (e muito agradável), recebi e-mail da compositora carioca (e mineira) Sueli Costa. Falei de uma composição dela chamada Cordilheiras, escrita em parceria com o grande poeta Paulo César Pinheiro, anteontem aqui na Rádio Universal. Enviei a ela o link para o post e tive a grata surpresa de sua visita em meu humilde weblog (segundo contado por ela mesma no e-mail resposta que me enviou).

No e-mail, ela agradece por meu e-mail que achou bacana e diz que adorou. Acrescentou que viu no meu blog o link para seu site, também o artigo sobre Cordilheiras e terminou com aquele grande abraço cordial e que soou jovial mesmo na frieza do texto de computador. Esse calor humano tão brasileiro que nem mesmo o poderio da máquina pode vencer.

Aqui fico muito honrada pela visita de uma compositora brasileira para lá de atuante, com trabalhos gravados por ninguém mais, ninguém menos que Alaíde Costa, Altemar Dutra, Amelinha, Ângela Rô Rô, Beth Carvalho, Carlinhos Vergueiro, Cauby Peixoto, Claudette Soares, Diana Pequeno, Dóris Monteiro, Edson Cordeiro, Elis Regina, Fafá de Belém, Fagner, Fátima Guedes, Flora Purim e Airto Moreira, Gal Costa, Hermínio Bello de Carvalho, Ivan Lins, Jane Duboc, Joanna, Leci Brandão, Leila Pinheiro, Lucinha Lins, Maria Bethânia, Maria Creuza, Marco Nanini, Marília Medalha, Marisa Gata Mansa, Maurício Tapajós, MPB 4 e Quarteto em Cy, Nana Caymmi, Nara Leão, Ney Matogrosso, Nora Ney, Norma Benguell, Olívia Byington, Pedro Mariano, Pepê Castro Neves, Pery Ribeiro, Quarteto em Cy, Renato Braz, Rosinha de Valença, Simone, Tito Madi, Verônica Sabino, Wanderléa, Zélia Duncan, Zizi Possi e muitos outros (afinal a página do blog tem de carregar rápido).

"A senhora sumiu ontem", disse a voz de Andrés atrás de mim.

Acionei alt + tab no teclado instintivamente, chutando a janela do blog para trás de um bloco de notas salvador. Da porta do quarto, sem fazer qualquer movimento para entrar, o menino disse que o meu movimento não era necessário.

"Desculpe atrapalhar, eu vi a porta do quarto aberta e só parei para chamar a senhora para o café. Minha mãe que pediu para eu vir chamar."

"Que é isso, rapaz. Você está em casa."

Ele se foi como se desaparecesse no ar. Fui encontrá-lo na mesa do café, onde o assunto de início foi o meu passeio noturno de ontem. Aparecida disse que ficaram esperando por mim para jantar mas como eu não aparecia resolveram jantar sem mim. Pedi desculpas pelo incômodo, que foram prontamente aceitas.

"Só ficamos preocupados em saber se a senhora já tinha jantado." Duílio acrescentou.

"Não estava com muita fome ontem, na verdade."

Andrés me olhava estranha e constantemente. Adriano prestava atenção na conversa em redor sem se intrometer. Conversamos sobre a visita à fazenda de Diogo e Gustavo. Andrés me disse que há bezerros novos desta vez na fazenda de um outro amigo deles, Guilherme. Me perguntou se eu estava dentro. Eu disse que sim e ele manifestou sua satisfação com um sorriso luminoso que ocupava metade da sala de jantar sozinho (sem o menino incluído). Disse que iríamos depois do almoço. Eu pretendia fazer mais uma visita à tapera de "sêo" Danilo, mas teria de ir com Andrés, me comprometi a ajudar.

"Eu vou até o fim disso", prometi.

"Eu vou cobrar, hein?" Os olhos dele brilhavam de satisfação.

Na empolgação, disse uma frase da qual sabia que ria me arrepender. Porque eu sempre me arrependo. Não sabia onde me esconder. Eu não tinha onde me esconder. Vi Adriano, Aparecida e Duílio me olhando com olhos de espanto vendo a força da minha decisão. Senti nitidamente que tinha falado demais. Não posso me permitir esses escorregões. Mas não dá mais para voltar atrás. Andrés é um sorriso enorme de orelha a orelha. Dele não sobrou nada mais a não ser isso.

Na fazenda que visitamos, nada de anormal mais uma vez. Começo a achar divertido o modus operandi dos meninos. Me pergunto como teria sido das outras vezes em que o Grande Um tentou entrar na cidade.

Guilherme e Renan são os irmãos que conheci hoje. Diferentes de Diogo e Gustavo, não manifestaram qualquer medo durante a inspeção dos animais na fazenda deles. Ao contrário, voracidade seria a palavra mais adequada para explicar o sentimento dos dois em relação à matéria de que se tratava ali. Andrés os convidou para se reunirem na Taurinos no dia seguinte. Que todos os sete lidadores sem exceção tinham que estar no encontro. Disse a eles que não se podia esperar mais. Que a Sociedade tinha de se estabelecer de uma vez para o confronto.

"A gente tem de reunir os sete sagrados para semana que vem", ele disse devagar, medindo o efeito das próprias palavras em corações e mentes bem cuidadosamente.

"Por mim levava os nossos dois sagrados amanhã mesmo", respondeu Guilherme, solícito.

"Não pode ser amanhã, não?" ajuntou Renan, praticamente babando.

Os dois pareciam ferozes, além de bem simpáticos. Fizeram questão de mostrar a fazenda para mim (que a exemplo da Taurinos, é muitíssimo distante dos currais de touros), perguntaram sobre o meu trabalho.

No carro, perguntei a Andrés sobre a questão da distância entre as sedes de fazendas e os currais de touros. Ele riu e disse que eu já sabia o porque da distância. Eu tive que concordar.

"Os sagrados são os touros, não é?"

"Acertou. Eles mesmos."

"Já conseguiu reunir os sete… como você diz, lidadores?"

"Sim, no pátio da escola ontem."

Decidi não ir à casa de "sêo" Danilo hoje. Eu aguardaria o resultado da reunião para ver se teria mais elementos para levar para discutir com ele. Espero que ele possa me ajudar, talvez indicar outros lidadores que participaram com ele em seu tempo, se estivessem vivos. Ouvir o máximo de gente diretamente envolvida na Sociedade Antiga dos Taurinos, comparar os conhecimentos, as memórias, as opiniões.

A vida inteira | Sociedade Antiga dos Taurinos

Rádio Universal: Um Amor Como Sangue

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