domingo, 9 de agosto de 2009

Chuva

Hoje o céu amanheceu fechado. Uma chuva grossa como não se via há tempos por aqui começava a desabar. Chovia tão pouco em Taurinos que toda chuva aqui era vista como um fenômeno sobrenatural.

Estávamos eu, "sêo" Danilo e Andrés no alpendre. Olhando a chuva cair. Da última vez em que fiquei olhando a chuva cair, tinha sido num telheiro na fazenda Taurinos, quando os homens da fazenda saíam altas horas para cavar grandes buracos no chão. Nunca mais vou me esquecer daquela noite misteriosa e estranha, a que a chuva conferia uma aura de mistério a mais.

"Eu pedi que o Jardineiro Celeste fizesse chover um pouco. Vai chover até o começo da noite", assegurou Andrés.

"Assim é fácil ser prefeito. Quando se tem amigos influentes", brinquei com Andrés. Longe de se sentir encabulado, ele se saiu com uma risadinha matreira.

"Quando chegam os escoteiros, "sêo" Andrés?", perguntou "sêo" Danilo.

"Amanhã cedo", e Andrés olhava fixamente a chuva.

Eu tinha até me esquecido dos escoteiros. Só o mais recente incidente com a Polícia Obscura foi suficiente para desviar minha atenção de todo o resto. Mas as coisas continuavam acontecendo em seu ritmo normal, eu não me dava conta disso facilmente.

Falou no diabo, apareceu o rabo. A Polícia Obscura surgiu do nada. Pergunto se eles não tinham nada mais a fazer num domingo que sair na chuva atrás de entrantes. Os dois ficaram irritados, primeiro porque estavam completamente molhados e depois porque acharam que eu estava implicando com eles e ficaram me criticando uma boa parte do tempo. Depois começaram a criticar Andrés (que ficou em silêncio todo o tempo) e só "sêo" Danilo foi poupado de suas reclamações. Depois, ficaram quietinhos, se sentaram no alpendre conosco e ficaram olhando a chuva cair. A Polícia Obscura parecia apreciar a minha casa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aí algumas linhas. Agora, sem essa de Viagra ou Tramadol ou coisas do gênero ou seu comentário vai para a lata do lixo.