segunda-feira, 13 de abril de 2009

Algo estranho

Eu vi Bruno hoje. Fazia tempo que não o via. Não que eu sentisse saudades dele, mas me parece que ele andava bastante com os outros meninos, pelo menos antes que eu chegasse à cidade.

Ele chegou meio ressabiado (provavelmente sobre a minha presença na fazenda Teixeira) e não pareceu muito satisfeito em me ver.

"O Guilherme está em casa?" ele me perguntou.

"Lá dentro", e apontei para a casa da fazenda.

Ele não se moveu do lugar. Fiquei embaraçada, não sabia se perguntava a ele como vinha passando, perguntar sobre a família, essas idiotices do mundo normal. Bruno ficou me encarando, carrancudo, por mais alguns momentos.

"Tem alguma coisa estranha com você", ele disse de modo pausado, quase ameaçador, "sinto isso desde o primeiro dia que vi a senhora no alpendre dos Conselheiros. Mas eu vou descobrir o que é. Disso a senhora pode ter certeza."

E essa agora. Faz um tempão que não o vejo, mas sua antipatia por mim não parece ter se dissipado. Pelo contrário, parece ter estranhamente crescido com a distância em tempo e espaço. Mas, estranhamente, parece menos com antipatia do que com um sentimento legítimo de estranheza a meu respeito. Sim, definitivamente há algo em mim que o menino não consegue entender. Isso eu realmente tenho observado ao longo do tempo que tenho passado por aqui.

Os dois estavam na varanda. Eu os observava discretamente enquanto eles tentavam ser discretos e não dar a entender que estavam falando a meu respeito. Provavelmente, Guilherme está pondo o amigo a par de tudo o que vem acontecendo esses dias. Não que muitas coisas estejam acontecendo por esses dias, mas nem esse pouco ele sabe, então…

Anderson apareceu logo depois. Também perguntou do Guilherme (e do Renan) e desta vez nem precisei apontar para o alpendre. Ele me deu um bom-dia animado e foi até lá para conversar.

Planária | Somente leitura

Rádio Universal: Teatro De Sombras

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