sexta-feira, 15 de maio de 2009

O dia do perdão

Pensei que Renan me faria uma visita ontem à noite, mas estava errada. Andrés me contou como foi a noite na fazenda Taurinos. Recusou polidamente o café da manhã que ofereci, dizendo que já tinha tomado café em casa.

"E Adriano? Aceitou as desculpas?"

"Sim, não demorou muito para aceitar. Renan queria se desculpar com minha mãe também, mas ela mandou dizer que estava muito aborrecida com ele e que ia acabar batendo nele. Ele quis falar com ela mesmo assim e disse a ela que se ela queria bater na cara dele, que poderia bater até tirar sangue. Que ele merecia."

"E ela bateu nele???", eu estava atônita.

"Não, ela acabou desculpando ele. Ela é difícil bater até em mim e no Adriano…"

"E seu pai?"

"Meu pai não bate nos filhos dos outros. Ele desculpou o Renan mais pra se livrar dele."

Toquei num assunto que tínhamos conversado ontem e me interessou.

"Você ontem me disse que agora Renan estava pronto para iniciar Anderson quando a hora chegasse."

Ele inclinou a cabeça para olhar para mim, como se adivinhasse onde eu queria chegar.

"Se quer saber sobre a Iniciação, pergunte ao policial. Ou espere, porque eu acho que vai acabar acontecendo. Quando eu não sei, porque só depende do Anderson."

Perguntei a ele porque não queria me falar a respeito. O mineirinho coçou a cabeça. Disse que não queria se meter em assuntos da Polícia Obscura. Que nós iríamos descobrir de qualquer modo, porque a Iniciação não poderia ser feita sem a presença dos membros da Sociedade Antiga dos Taurinos. Ainda tentei pressionar o menino para que me dissesse, mas não houve acordo com ele.

Outra visita, no final da tarde. "Sêo" Danilo. Interessante que eu estava mesmo fazendo café. O café nos aproxima sempre. Me recordo que tenho de ir até a cidade comprar gêneros que estão acabando. "Sêo" Danilo me disse que eu só tinha de ligar para a Mercearia Servebem Para Servir Sempre que eles entregavam. Ri muito e perguntei que diabo de nome era aquele; ele sorriu e disse que era o nome que vinha antigamente nas sacolas plásticas da mercearia. Que a gráfica onde eles mandaram fazer as sacolas em Varginha era bisonha e por engano imprimiu o lema da mercearia no mesmo tamanho de letra e na mesma linha do nome, sem deixar linhas de espaço. O povo de Taurinos achou engraçado e começou a brincar com o nome esquisito. Quem não gostou da brincadeira foi o dono da mercearia; não foi como Renan com o apelido dado pelo Anderson, mas o fato era que ele não gostou nem um pouco.

"Mas não dava para ele devolver as sacolas?"

"Ele achou que era mais trabalho e desperdício pegar no pé dos caras da gráfica do que usar as sacolas. Ele não quis jogar todo aquele material pronto fora, no que eu acho que ele fez muito bem."

Concordei, ainda rindo com o nome da mercearia. Ele disse que provavelmente os Conselheiros tinham o número do telefone de lá. Eu aproveitei dele ter mencionado o caso de Renan e Anderson e o inquiri sobre a tal Iniciação.

"Eu não me meto muito nesses assuntos, "sá" Stella" e o sertanejo ficou sério de repente.

"É, estou vendo que isso vai ser um espeto. Nem Andrés, nem você querem me dizer uma palavra a respeito."

"Sêo" Danilo mudou bruscamente de assunto, comentando alegremente que finalmente a CEMIG iria instalar luz elétrica na casa dele. Fiquei contente por ele e deixei que ele conduzisse os assuntos dali por diante, respeitando seu silêncio sobre a minha pergunta. Não adiantaria ficar insistindo.

O garoto com a pedra no sapato |

Rádio Universal: Polícia Obscura

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