quinta-feira, 16 de abril de 2009

Ordem do dia

Meire está definitivamente na ordem do dia. Não que ela realmente estivesse aqui na noite passada, mas a presença dela durante a sessão de sonho — mesmo que somente para os olhos do sr. Adriano Conselheiro — é o suficiente para me fazer pensar. Em tudo o que tenho vivido desde o dia em que saí de minha casa para vir para Taurinos.

Me lembro que não estava nem de longe nos meus 100% de minha disposição quando o telefone tocou naquele dia. Pensei em almoçar, evitar entrevistas com clientes potenciais sem muita substância. Será que eu estava deitada quando o telefone tocou, como sugeriu Bruno?

Estou definitivamente de volta à fazenda Taurinos. Não que eu tivesse abandonado o caso de Renan, foi só que cheguei à conclusão de que não havia nada nele para ser ajudado. Os problemas relatados eram parte viva dele, nada que fosse exterior e por algum tempo tivesse feito parte; são simplesmente coisas que deveriam se ter visto há tempos e agora são parte inalienável do menino. Tentar modificá-lo agora é como tentar fazer uma bananeira produzir uvas.

E agora Meire, nas visões de Adriano. Se eu tinha alguma dúvida sobre ser ela de fato ou não, a pergunta sobre o Paulo a dissipou com firmeza. Jamais mencionei o nome do Paulo por aqui, as pessoas sempre foram impressionantemente discretas em jamais me perguntar.

Tenho certeza de que vou encontrar algo extraordinário por aqui. Algo com que jamais sonhei, algo muito além de tudo o que — e não foi pouco — já aconteceu aqui. O marasmo dos últimos tempos pressentindo algo que vem insidioso, secreto, se misturando ao pano de fundo sem querer ser notado. O fato de que nunca me lembrei do que fiz na arena naquele dia. Jamais, uma cena, um flash, algo que me trouxesse à memória algo que fiz que foi tão extremo.

Na casa de "sêo" Danilo, o aroma do café e a atenção costumeira de um homem apaixonado pelos prazeres simples da conversa.

"Renan lhe disse algo significativo, penso eu, "sá" Stella. De tudo o que você me contou, acho que foi mais significativo do que a sua amiga aparecer nas visões do Adriano, sabe?"

"O que, por exemplo?"

"Ele disse, segundo você mesma, que ele era exatamente do jeito que você sonhou."

"Como assim? O que tem de significativo nisso?"

Ele não respondeu. Fiquei pensando se realmente não tinha negligenciado algo. Se realmente não tinha deixado passar algo em brancas nuvens. Frases estranhas que me orbitavam, acontecimentos estranhos demais, como se tudo não fosse aqui estranho demais desde que cheguei. A minha inclusão involuntária no rol da Sociedade Antiga dos Taurinos, criando um vínculo com a cidade que não mais se desfaria. Algo que forçosamente me faz permanecer, tudo em benefício de uma cidade que no início do ano eu nem conhecia.

Sessão | Sol triste

Rádio Universal: O Dia da Criação

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